Há palavras que fazem as delícias da audiência e só percebi porquê quando
ultrapassei a minha “adultez”. Agora digo-lhes logo que “put” não é palavrão e que “page”
não é “pum” em inglês. Mas o que os leva a um estado perto do paroxismo é
quando escrevo “Food” no quadro.
Está-se mesmo a ver, não está? The F word!
E escrita pela teacher. Quando
chegamos ao tema “animais da quinta” há sempre uns quantos que juram que cabra
se diz “bitch” e que ficam incrédulos
quando lhes afianço que bitch é
cadela (as traduções eufemísticas dão nisto). Desconfiados ficam quando lhes
respondo, impávida, que WTF quer dizer
“mas que raio!”. Uma, sabida, ainda diz: “mas o meu irmão disse-me que eram
palavrões!” “Quais?”Pergunto. Sem coragem para mos repetir em português,
cala-se e os outros ficam na dúvida. O nível de conhecimentos de vernáculo é já
muito, o de inglês é que nem por isso.
Há dias ouvíamos uma canção que dizia “Hello, boys / Hello, girls”.
Pergunto com otimismo: “Adivinham o que são boys?”
Está-se mesmo a ver que são... bois! Incrédula: “Bois? Então achas que a música
dizia ‘olá bois’?” e acrescento, “Então girls
não é meninas?” Responde-me: “Ah, assim
tinha de ser vacas”. Tem lógica.
Informo na primeira ocasião que “sorry,
I’m late” não tem nada a ver com laticínios e que o contrário de “big” não é “Sumol”. Mas ainda assim há
situações que, para quem sabe inglês, não são compreensíveis à primeira. Quando
ensinava as cores, viro-me para um menino e pergunto-lhe “What’s your favourite colour?” Responde-me com toda a convicção:
“De batom”. What?! Que raio de cor é
essa? Até que percebo a confusão: Cola! Em vez de “colour”, soou-lhe a cola! E de entre as colas prefere as de
“batom”. Não é óbvio?