quinta-feira, 19 de março de 2015

# 28 Daddy


Garanto que o canudinho do diploma do “Best dad” devia estar irrepreensivelmente enrolado e atado com um amoroso lacinho da cor do clube do respetivo daddy. Mas da ideia inicial à peça final vai um longo caminho de percalços. Os extras podem variar entre marcas de pisadelas, dedadas, riscos, rasgões, amarfanhamentos vários ou mesmo extravio. Não que os papás se importem. Como dizia hoje o Rafael, quando lhe disse que devia esforçar-se mais e fazer melhor: “Oh, o meu dad gosta de qualquer coisa que eu lhe der!”. E toca de “estragar” o projeto da teacher. Para um professor é mesmo uma camada de nervos. Tanto esforço para encontrar a lembrança adequada. O desgaste extra para controlar miúdos armados de tesouras, colas, fitas e afins. A trabalheira a cortar, refazer, colar... e depois o que chega a casa é um irreconhecível arremedo do que tinha sido pensado. [Suspiro]
Mas estes dias têm um lado muito mais sensível. A realidade de algumas crianças não se compadece com datas especiais. Há os que recusam fazer a prenda porque já não têm pai; outros que o tendo, nunca o viram e dizem que o “pai é mau” porque foi embora. Outros choram porque “o papá foi trabalhar para longe e só vem no verão” e outros que se regozijam porque, sorte das sortes, este fim-de-semana é com o pai. E depois há a Camila. De sorriso aberto declara-se uma sortuda porque vê o pai todos os fins-de-semana. Pergunto-lhe se está separado da mãe. “Não, ticher, está na cadeia, mas vou visitá-lo todos os domingos”.