sexta-feira, 4 de setembro de 2015

# 30 Bichos


(AVISO: esta crónica versa temas viscosos e poderá ferir os leitores mais sensíveis)

...E ao fim de umas semanas as defesas cederam. Enxames de bichinhos novos e oportunistas atacaram sem tréguas. Primeiro, veio o estrépito: tosse constante, pigarro alérgico a giz, espirros e expectoração a pedir alívio. Depois, pior ainda, sobreveio o silêncio. A voz esgotada e pouco acostumada a exigências traía-me, cobarde, fazendo fintas à minha genica de principiante. De outubro a abril foi este o calvário: constipação, rouquidão, afonia e de novo constipação, rouquidão, afonia... Um loop interminável até os meus entorpecidos anticorpos perceberem em que alhada estavam metidos. Da contenda, saí com imunidade para a vida. Vagas sucessivas de vírus e bactérias resvalam, agora, na couraça das minhas superdefesas. Exposta amiúde a chuva de perdigotos, gotículas de espirro, saliva e muco nasal recordo com incredulidade os tempos em que qualquer inocente perdigotozinho que me atingisse era recebido com um esgar de nojo. Ah, frescuras pré-teacher.

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