Um blogue sobre a arte de doar o corpo à docência. Uma dádiva divertida, cansativa, emocionante mas nunca, nunca monótona.
domingo, 15 de junho de 2014
# 21 Decibéis
Talvez o sentido mais flagelado de quem trabalha com miúdos pequenos
seja a audição. As cordas vocais penam, é verdade, mas os tímpanos são
torturados. Achava que tinha experiência de sobra no que toca a ruído:
trânsito de Lisboa, sirenes, buzinas, toque incessante de telefones,
barulho de máquinas de imprimir... pfff, brincadeira de meninos.
Definitivamente, nada se assemelha à tonitruante gritaria de um recreio,
ou, num dia mau, de uma sala de aula. Com as suas vozinhas agudas e
cristalinas soltam guinchos capazes de competir com um porco em dia de
matança. E guincham se estão felizes, se estão zangados, se se magoaram,
se querem atenção. Oh, e se querem. A todo o instante. E para isso têm
de gritar ainda mais que o coleguinha, num despique sonoro que pede meças ao “iodelei” tirolês. O embate sonoro foi duro. Hoje já
aperfeiçoei a espécie de surdez seletiva que me permitiu sobreviver. E o
final do ano é sempre o momento de renovar essa habilidade, sobretudo
se houver um momento musical que envolva miúdos de pífaro em punho.
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