A dança é outra arte inatingível. Acertar com uma coreografia
básica é um desafio à minha natural descoordenação. Com o tempo fui melhorando.
De início ficava de tal modo ansiosa a tentar acertar todos os gestos que, no “Head,
shoulders, knees and toes”, trocava as partes do corpo e acabava de cabeça perdida
a tentar remediar a trapalhada. Com tanta risota desconfiei que a minha arte
era afinal a palhaçada. Seja como for ainda me restavam os desenhos. É claro que
são quase sempre cópias à vista de outros, mas pelo menos assim não sofro a
humilhação de ter de legendar as obras. A ajuizar pelos rasgados elogios dos
pimpolhos os meus desenhos até são aceitáveis. A ideia de estarem apenas a dar
graxa à teacher não me ocorreu. Achei
sempre que era mais falta de vista, de sentido estético ou simples bondade. Um
dia, passando despercebida atrás de algumas alunas, oiço uma delas perguntar apontando
para o Easter Bunny, de minha
autoria, que decorava um dos posters alusivos
à Páscoa: “Quem é que desenhou aquele porco ali?". Pois, um verdadeiro
triunfo artístico.
Um blogue sobre a arte de doar o corpo à docência. Uma dádiva divertida, cansativa, emocionante mas nunca, nunca monótona.
quinta-feira, 4 de setembro de 2014
# 24 Artes
Na bolsa de valores do primeiro ciclo os dotes
artísticos são dos mais valiosos. Saber cantar, dançar, tocar ou desenhar
garante automaticamente a admiração e a atenção dos miúdos. Não há como uma
cançãozinha para os fazer memorizar. E aquietam-se sempre que alguém puxa da
guitarra e dedilha uma moda qualquer... Que inveja desses virtuosos dos instrumentos.
É de fazer dó a minha incapacidade para distinguir um ré de um mi, reproduzir
um ritmo ou cantar um simples Happy
Birthday sem desafinar. Para me safar nas cantorias recorro ao playback e aprendi a refinar a arte do
la la la la sempre que me escapa a letra.
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