terça-feira, 17 de setembro de 2013

#7 Instruções

Sempre achei que era suficientemente clara quando tinha de dar instruções. Comunicar bem devia ser um dos meus pontos fortes. Fui jornalista, consultora de comunicação, trabalhei em publicidade… enfim, comunicar é o meu nome do meio. Errado. Não se pode pensar que sabemos mesmo comunicar se nunca experimentámos uma audiência infantil. O caos pode instalar-se só porque uma simples instrução foi mal dada. Imaginem que querem que os meninos copiem qualquer coisa do quadro. Parece fácil. Na minha frescura de caloira, pedi que copiassem o que tinha escrito, para a folha que tinha acabado de distribuir. Simples e direto. Para o grupo, foi como se tivesse falado aramaico. O burburinho subiu de tom, os que não sabem esperar (a maioria) levantam-se e de todos os lados bombardeiam-me com perguntas. “Ticher, a folha é assim ou assim?” E via muitas mãozinhas com folhas no ar a girar horizontal e verticalmente o papel. Para mim era claríssimo que se escreve com a folha na vertical. Para os miúdos não era. Depois eram as questões sobre se usavam lápis ou caneta. Ou caneta de que cor. Se podiam usar canetas de feltro ou apenas lápis de cor. E que tamanho deviam ter as letras? Não saberia eu que o papel branco não tem linhas a servir de guias? Silly me. E ainda mais angústias sobre se deviam escrever com letra manuscrita - de mão, como aprendi ser o termo -, ou em letra de máquinaOs mais desenrascados começam a fazer linhas nas folhas com as réguas mas já os outros guincham que a “ticher” não tinha dito que era para se fazerem linhas… Oh God!, tirem-me daqui.

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