Sempre achei que era
suficientemente clara quando tinha de dar instruções. Comunicar bem devia ser
um dos meus pontos fortes. Fui jornalista, consultora de comunicação, trabalhei
em publicidade… enfim, comunicar é o meu nome do meio. Errado. Não se pode
pensar que sabemos mesmo comunicar se nunca experimentámos uma audiência
infantil. O caos pode instalar-se só porque uma simples instrução foi mal dada.
Imaginem que querem que os meninos copiem qualquer coisa do quadro. Parece
fácil. Na minha frescura de caloira, pedi que copiassem o que tinha escrito,
para a folha que tinha acabado de distribuir. Simples e direto. Para o grupo,
foi como se tivesse falado aramaico. O burburinho subiu de tom, os que não
sabem esperar (a maioria) levantam-se e de todos os lados bombardeiam-me com
perguntas. “Ticher, a folha é assim ou assim?” E via muitas mãozinhas com
folhas no ar a girar horizontal e verticalmente o papel. Para mim era
claríssimo que se escreve com a folha na vertical. Para os miúdos não era.
Depois eram as questões sobre se usavam lápis ou caneta. Ou caneta de que cor.
Se podiam usar canetas de feltro ou apenas lápis de cor. E que tamanho deviam
ter as letras? Não saberia eu que o papel branco não tem linhas a servir de
guias? Silly me. E ainda mais
angústias sobre se deviam escrever com letra manuscrita - de mão, como aprendi
ser o termo -, ou em letra de máquina… Os
mais desenrascados começam a fazer linhas nas folhas com as réguas mas já os
outros guincham que a “ticher” não tinha dito que era para se fazerem linhas… Oh God!, tirem-me daqui.
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