segunda-feira, 9 de setembro de 2013

#3 Estreia

Acostumada a trabalhar com adultos, educados e cultos, a passagem para interlocutores abaixo dos 10 anos foi um choque. Lidar com miúdos é uma surpresa constante e se achamos que já vimos de tudo, enganamo-nos. Regras básicas da interação social? Esqueçam. Os miúdos não são adultos em miniatura nem fazem ideia do que polimento, ou hipocrisia, se preferirem, possam ser. Lição número um: estar preparada para as perguntas mais indiscretas e as respostas mais inesperadas! Comecei por pedir-lhes que se apresentassem e apontei para o menino na primeira fila. Olhando confuso perguntou: “O que é apresentar?”. Pois é. O processo de adequar o meu discurso normal à faixa etária ia requerer algum treino. De repente tinha de eliminar uma série de palavras e maneirismos de linguagem e sintonizar numa versão de português para principiantes. Após uns segundos de desconcerto, refiz a pergunta: “Os nomes, vamos dizer os nossos nomes”. Começo eu. Sou a teacher Isabel.” Logo um retorque com um sorriso de satisfação: “Olha, a professora da minha mana também se chama ticher!” Tive de me conter para não me desmanchar a rir. Depois de esclarecida a coincidência veio o regozijo de um menino cuja mãe também era Isabel. Depois outro, desta feita era a avó, outro a tia, a prima, a vizinha…. A lista era interminável e sem saber muito bem como interromper aquela torrente de alegria e frenesim pela quantidade de “isabéis” conhecidas pela audiência acabei por perder quase o triplo do tempo que tinha previsto para o tópico: “Os nossos nomes”.

4 comentários:

  1. É assim, moldando o barro, esboçando a obra, pacientemente, aos poucos...

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  2. Obrigada pelas suas palavras, pela visita e pela amizade.

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  3. Ola kida Isabel, gostei mto de ler as tuas aventuras no teu "admiravel mundo novo" . E mto giro poder partilhar as tuas experiencias. O meu filho tem 8 anos, Podia ser um dos teus alunos ;))) e teria mta sorte em ter _ te como teacher ;))) Vou continuar a ler OS teus textos. Bjinhos grandes! Noemia

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    1. Olá, Nô! Obrigada por me leres. Como minha (única) leitora do outro lado do Atlântico - e se calhar deste lado também-, dás um ar mais cosmopolita às minhas estatísticas de leitura. eheheheheeh
      Beijinhos.

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